Teatro Paulo Freire é reflexo do abandono da cultura em Paulista/PE

Hoje, 19 de setembro de 2020, o Brasil inteiro celebra o Dia Nacional do Teatro. Porém, na cidade do Paulista/PE, não há muito o que comemorar. Após mais de uma década de reivindicações da classe artística, entre aberturas e fechamentos, o Teatro Paulo Freire, único espaço público destinado à cultura e patrimônio cultural da cidade, segue com as portas fechadas.

O Teatro Paulo Freire, prédio com mais de 70 anos de história, há anos sofre pelo completo descaso da administração pública com a cultura local. Fundado em 28 de Maio de 1944, o teatro foi durante anos uma referência na região metropolitana, sendo a casa de companhias teatrais e o lugar onde diversas crianças e jovens da cidade tinham a oportunidade de desenvolver suas habilidades artísticas. Contudo, a ausência de cuidados por parte do poder público e investimentos na sua infraestrutura, tem forçado o teatro a passar pela pior década de sua história.

Uma década de descaso com a cultura local

A triste história recente do Teatro Paulo Freire tem início no ano de 2010. Após uma série de reclamações e protestos por parte da população e da classe artística, por conta do estado de abandono no qual se encontrava o teatro, a prefeitura do Paulista/PE realizou uma reforma no prédio. Entretanto, a reforma foi meramente paliativa. Seis anos após a realização da melhoria o prédio ainda se encontrava sob precárias condições de uso. A batalha pela sua revitalização se intensificou, levando o governo municipal a interromper mais uma vez as atividades no teatro, em 2018, para uma nova reforma. Iniciada em agosto, o prazo para sua conclusão seria de 6 meses e o custo da obra, segundo informado pela gestão municipal à época, seria de R$270 mil reais.

Foto de Daniel Paixão – 25/08/2020

Passados dois anos desta iniciativa, o Teatro Paulo Freire segue fechado. Artistas, professores e demais profissionais da cultura em Paulista/PE, desprovidos de um lugar para se apresentar em sua cidade, buscam nas cidades e estados vizinhos espaços para continuar a exercer o seu trabalho; a população, por sua vez, tem estado sem alternativas para usufruir da cultura local. Em paralelo ao fechamento do Teatro Paulo Freire, a completa ausência de políticas de fomento à cultura em Paulista/PE transmitem um cenário de extrema gravidade e que precisa ser mudado.

Foi através deste sentimento de indignação que no último dia 25, artistas locais novamente realizaram um protesto. Com faixas, cartazes, carro de som e participação da imprensa e de dezenas de artistas, diretores e produtores culturais, o protesto pediu esclarecimentos sobre a interrupção da reforma do teatro.

Enquanto a população do Paulista/PE aguarda a conclusão tardia da reforma no Teatro Paulo Freire, a cultura local permanece sem o abrigo de sua única casa. É inegável a gravidade da situação. A cultura é o instrumento maior da preservação da identidade de um povo e sua plena garantia é ferramenta indispensável para o desenvolvimento social e proteção da dignidade humana.

A cultura liberta, humaniza, transforma e promove autonomia à sociedade. A proteção de um prédio histórico como o Teatro Paulo Freire, bem como o fomento às suas potencialidades culturais devem ser ações de caráter prioritário. Não podemos admitir que o descompromisso público ponha um espaço de tamanha relevância em tais condições, com os palcos vazios e as cortinas cerradas. Preservar o nosso teatro é preservar a nossa cultura. Apenas assim poderemos, um dia, celebrar.