Mesmo diante de pandemia, técnicos de enfermagem continuam desvalorizados

As mobilizações para valorização do profissional de enfermagem não se restringiram ao último dia 12 de maio, quando se comemorou o Dia Internacional do Enfermeiro, mas se estendem em uma semana, até o dia 20, quando a importância dos técnicos de enfermagem também é lembrada. Foi para falar sobre as condições de trabalho desta última categoria, que Fábio Barros, pré-candidato a prefeito de Paulista/PE, convidou Viviane Paula, técnica de enfermagem, diretora do Satenpe e pré-candidata a vereadora de Pauluista/PE, para uma live que ocorreu na última quarta-feira (13).

Ao longo da transmissão ao vivo no Instagram, foram discutidas as principais dificuldades enfrentadas pelo técnico de enfermagem no cotidiano da atividade profissional e como as condições têm se intensificado com a pandemia do novo coronavírus. Viviane trouxe relatos de problemas como falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), falta de suporte e acompanhamento da saúde física e psicológica dos profissionais, jornadas longas de trabalho e remunerações incompatíveis, por exemplo.

O cenário mostra a completa desvalorização do trabalhador de nível médio no atendimento de saúde, que tem a grande responsabilidade de acompanhar os pacientes durante a maior parte do acompanhamento e tratamento. Por isso, são a base de sustentação do atendimento de baixa à alta complexidade do Sistema Único de Saúde (SUS) nas equipes multidisciplinares. Diante de um trabalho tão fundamental, os sindicatos profissionais adquirem o papel importante de cobrar das gestões mudanças significativas para problemas, que se aprofundam com a crise atual.

“Os profissionais da saúde precisam sair de casa todos os dias, com medo, por estarem correndo riscos, por estarem morrendo no Brasil como um todo e ainda, uma parte desses profissionais, além disso tudo e da falta de EPIs, a falta de condições de trabalho, tem uma baixa remuneração. Os técnicos de enfermagem no Brasil, não recebem mais que dois mil reais de salário, em média”, comentou Fábio.

A remuneração também é lembrada por Viviane ao ressaltar a reivindicação, feita pelos profissionais de saúde na linha de frente ao combate à Covid-19, a respeito do pagamento do nível máximo de insalubridade (40%) em cima do salário-base. Desde o início do processo epidêmico no Brasil e com a escalada de contaminação e morte de profissionais, categorias vêm alertando sobre os riscos a que estão expostos todos os dias, mesmo com os procedimentos de segurança, o que resultou no Projeto de Lei 744/20, ainda em tramitação. De acordo com Fábio Barros, “não é um direito novo, é garantido pela CLT e a gestão tem o dever de reconhecer e atender esse direito”.

Com os olhares direcionados a saúde, Viviane espera que os profissionais passem a ser mais valorizados. “Infelizmente teve que acontecer uma pandemia para que o profissional de enfermagem fosse visto de forma essencial dentro do serviço de saúde”, disse. Mas, os problemas estão longes de serem solucionados. Para ela, falta principalmente o olhar humano sobre a categoria, que recebam os cuidados necessários, partindo da garantia dos direitos básicos. Como ressaltou Fábio durante a live, “quem cuida do cuidador?”. Os gestores precisam tomar a responsabilidade que os cabe.