Combate à violência contra a pessoa idosa durante a pandemia

Nesta segunda-feira (15), o problema da violência contra a pessoa idosa é reforçado em todo o mundo. A data serve para promover uma reflexão acerca das condições desse grupo que sofre graves violações de direitos. Este ano, a alerta é ainda maior devido ao aumento da vulnerabilidade imposto pela pandemia.

Assim como outros segmentos, a exemplo de crianças e mulheres, as pessoas idosas também estão mais expostas à violência com a medida de isolamento social, implementada em combate ao coronavírus. Passar mais tempo em casa significa, na maioria dos casos, conviver por longos períodos com o agressor.

Em Pernambuco, o cenário já preocupa. De acordo com o Centro Integrado de Atenção e Prevenção à Violência Contra a Pessoa Idosa (CIAPPI), programa vinculado à Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (SJDH), foi registrado um aumento das denúncias de violações contra a população idosa no estado.

O programa compara as queixas recebidas nos canais de denúncia durante o mês de abril, em relação às de março, 63 e 42, respectivamente. Os registros representam um aumento de 50% nas denúncias.

Os números do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MDH) também alertam para essa realidade. O Disque Direitos Humanos – Disque 100, registrou 309 denúncias de violação aos direitos da pessoa idosa no mês de março, enquanto em abril, foram registradas 463.

Em 2019, o Disque 100 contabilizou 48,5 mil registros referentes ao grupo. Esses números colocam os idosos na segunda colocação entre os grupos mais vulneráveis, atrás apenas de crianças e adolescentes, com 86,8 mil denúncias (55% do total).

A violação contra pessoas idosas que concentra o maior volume é a negligência, com 38 mil registros (quase 80% do total), seguida de violência psicológica (24%), abuso financeiro (20%), violência física (12%) e violência institucional (2%).

TIPOS DE VIOLÊNCIA

A cartilha “Violência contra pessoas idosas: vamos falar sobre isso” do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MDH) caracteriza esses principais de tipos de violência.

A negligência, a mais comum das violências, trata-se da recusa ou omissão de cuidados. Pode se manifestar tanto no ambiente familiar, quanto em instituições que prestam serviços de cuidados e acolhimento a pessoas idosas.

Uma das formas mais difíceis de serem identificadas é a violência psicológica. Geralmente é praticada por meio de atos como agressões verbais, tratamento com menosprezo, ou qualquer ação que traga sofrimento emocional a exemplo de humilhações de qualquer tipo.

Outra violação bastante comum é o abuso financeiro. A violência é caracterizado pela exploração imprópria ou ilegal, ou uso não consentido dos recursos financeiros da pessoa idosa. Nesses casos, o violador se apropria indevidamente do dinheiro utilizando o valor para finalidades indevidas.

A violência mais perceptível aos olhos é aquela que deixa marcas no corpo do idoso, o abusos físico. No entanto, nem sempre o agressor irá cometer agressões que sejam tão visíveis, por isso, são comuns situações em que os abusos são realizados na forma de beliscões empurrões, tapas, ou agressões que não evoluem com sinais físicos.

Esses casos de violações ainda podem se manifestar no âmbito de instituições públicas ou privadas, por meio de atos de abuso, agressão física ou verbal praticadas por funcionários do local. Quando isso acontece, pode também ser classificada enquanto violência institucional.

DENÚNCIAS

Na maior parte dos casos, a violência se dá no âmbito privado das residências ou ambientes de cuidado dos idosos. Por isso, a dificuldade de identificação e denúncia das violações.

O isolamento social ainda intensifica essa dificuldade, já que são reduzidas as chances de pedir ajuda a pessoas externas. No entanto, é importante que a sociedade no geral se mantenha alerta para perceber qualquer violação às pessoas idosas que estão mais próximas.

Para denunciar ou procurar ajuda em caso de suspeita de alguma violação, é possível acionar o Disque 100, ligação gratuita e anônima, onde a queixa é encaminhada aos órgãos locais.

O Centro Integrado de Atenção e Prevenção à Violência Contra a Pessoa Idosa de Pernambuco (Ciappi) também oferece suporte por meio dos telefones (81) 3182.7649 / (81) 3182-7607 ou endereço eletrônico: [email protected]. O atendimento fica restrito ao horário de 9h às 13h.

A Polícia Militar também pode ser acionada a qualquer momento por meio do número 190. Em âmbito municipal, o Conselho Municipal de Idosos do Paulista (COMIP) também deve prestar o apoio necessário, bem como o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas).