Hoje, dia 1º de maio, “comemora-se”, em boa parte do mundo, o Dia do Trabalhador ou Dia do Trabalho. Contudo, para além do calor da emoção, do dia simbólico de descanso – mais do que merecido -, do apelo capitalista em saber explorar e capitalizar valores e ideias, transformando tudo em lucro, o que há de se comemorar neste primeiro de maio?
Com um alto índice de desempregados, crescente taxa de informalidade e um número ainda maior de pessoas “fora da força de trabalho”, o que se há de comemorar? Ainda mais num momento em que, trabalhadores do setor de saúde, em meio a uma pandemia, põe em risco – de morte – suas próprias vidas, sem as menores condições de trabalho, sejam elas de infraestrutura, com a garantia dos EPI’s necessários, seja com uma remuneração justa e cumprimento de seus direitos de 40% de insalubridade. O que se há de comemorar neste 1º de maio?
Não, não há nada a ser comemorado.
Quando lembramos que, desde o ano de 2016, com a queda do governo Dilma, a classe trabalhadora só tem perdido seus direitos, duramente conquistados, a base de muita luta e greves, e nos enxergamos na atual condição, percebemos que não há o que comemorar. Pelo contrário, há pelo que se lamentar. Mas acima de tudo, pelo que lutar!
Reforma trabalhista, reforma previdenciária, mudança na política de reajuste do salário mínimo, proposta de “carteira verde e amarela” e o discurso que deveria soar dos mais “pornográficos” a qualquer trabalhador: “trabalhador vai ter que escolher, entre mais direitos ou emprego” (Jair Bolsonaro). Essa é a nossa realidade! Não foi para nos encontrarmos nesta situação que os sindicatos organizados e trabalhadoras e trabalhadores de outrora, tanto lutaram. Definitivamente, sempre lutamos por direito e trabalho, com condições adequadas, pois na busca pela dignidade humana, ambos são indissociáveis. Este 1º de maio, mais do que nunca, é sinônimo de luta.
Como antes, em 1886, com os “Mártires de Chicago”, ou em 1891, no Congresso Operário Internacional, convocado na França, em homenagem às lutas sindicais de Chicago, ou até mesmo como em 1919, em Portugal, quando foi consagrada na lei a jornada de oito horas para os trabalhadores do comércio e da indústria e, claro, como no Brasil, que em 1917 protagonizou uma das maiores greves gerais já registradas, culminando em 1924 com o reconhecimento da data como feriado nacional e não por acaso, com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), em 1943, por Getúlio Vargas, hoje, mais do que nunca, 1º de maio deve ser lembrado como dia de luta. Mas, mais do que isto, devemos nos lembrar das conquistas resultantes destas lutas, pois nossos direitos foram conquistados e não dados.
Que após lembrarmos do que se trata o 1º de maio, e somente após isto, possamos então, imbuídos pelo sentimento de que ainda há muito pelo que lutar, parabenizar a toda e todo trabalhador brasileiro, em particular os trabalhadores da área de saúde, e todas e todos aqueles que, de algum modo, são a parte mais importante da engrenagem produtiva do nosso país. Que possamos, neste dia, certos de nosso papel histórico e nossa condição enquanto sujeitos de nossas próprias histórias, mais uma vez nos unir, e lutar por dias melhores. Que possamos ter em mente que todos os retrocessos que passamos nos últimos anos, devem ser revertidos, para que possamos avançar ainda mais na conquistas dos nossos direitos.
Que neste 1º de maio, possamos refletir sobre o Brasil que queremos e que merecemos. Que nele, e nos próximos, não nos esqueçamos dos nossos ideais de um Brasil com desenvolvimento econômico sustentável, emprego e renda para todos e, acima de tudo, com justiça social. Que jamais nos esqueçamos que, na dialética da história, somos os sujeitos que promovem a inevitável transformação da sociedade.
Viva a luta do 1º de maio!! Viva o trabalhismo!!