Politica, vereadora, socióloga, esposa e mãe, Marielle Francisco da Silva, mais conhecida como Marielle Franco, foi assassinada no dia 14 de março de 2018.
Nascida no Complexo da Maré, bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro, cresceu vendo sua comunidade sofrer, em especial negros e negras, com as operações policiais violentas e o racismo institucional e estrutural. Em decorrência disto, desde cedo, decidiu se engajar na luta contra os abusos cometidos pela polícia, se tornando, assim, uma ativista e referência em defesa dos direitos humanos em sua comunidade.
Em 2005, após perder uma amiga em decorrência da violência policial, Marielle decide entrar para a vida política. Enquanto agente político, ela passou a defender e pautar outras bandeiras importantes para os Direitos Humanos, como a luta contra o machismo, o combate ao assédio às mulheres, além do racismo sofrido pelo povo negro e “favelado”, principalmente, a mulher negra.
Em 2016, é eleita vereadora pela cidade do Rio de Janeiro com 46.502, a 5ª mais votada do estado. Com um mandato focado na defesa dos Direitos Humanos, Marielle assumiu o papel que lhe era devido como vereadora: uma fiscal dos interesses públicos, em especial, os interesses daqueles que, historicamente, não tinham suas necessidades pautadas pelo poder público: os moradores das comunidades carentes.
Em meio às denúncias e críticas a ação policial violenta, ausência de políticas públicas voltadas para as comunidades carentes, o enfrentamento à violência contra mulher e a luta antirracista, Marielle se destaca e passa a chamar à atenção e incomodar os corruptos e milicianos do Rio. E é em meio a esta alta exposição que ela assume, em 2018, a relatoria de uma comissão criada pela Câmara de Vereadores para fiscalizar as operações policiais do estado.
Marielle decidiu lutar contra o sistema corrupto, assassino, misógino e racista e, ao que tudo indica, até aqui, estas foram as motivações do seu assassinato. Ela e o seu motorista, Anderson Gomes, foram mortos a tiros. Os criminosos, que estavam em um carro que emparelhou com o da vereadora, efetuaram 9 disparos. Uma outra passageira, assessora de Marielle, foi atingida apenas por estilhaços.
Em uma sessão plenária, o vereador Fábio Barros, presidente da Câmara Municipal do Paulista, no dia 15 de março de 2018, afirmou que o assassinato de Marielle reflete uma grandiosa perda para as lutas contra a violência no Brasil. “Não podemos nos calar diante deste acontecimento, temos de externar nossa indignação por uma legisladora que não teve o direito de dizer o que pensa.
Nosso país vive em guerra, mesmo não estando em condições de guerra. Marielle não se calou, teve a coragem de dizer a verdade, de lutar pelos moradores de favelas e de militar por direitos humanos e igualdade. Marielle, presente!”, pontuou Fábio Barros.
Dois anos depois, o assassinato de Marielle segue sem ser elucidado e cercado de inconsistências no processo de investigação.
Marielle segue, mais do que nunca, como símbolo de resistência e como sinal de alerta para nos lembrar que, se uma vereadora, com a representatividade dela e reconhecimento nacional é assassinada dessa forma, quem dirá aqueles que sofrem historicamente com a invisibilidade social e ausência de direitos estampados na cor da pele e condição social? Marielle vive em cada uma e cada um que não se calou e nem se calará mediante as injustiças sociais.
Marielle, Presente!