A consciência negra brasileira foi propagada por ações de diversos grupos e coletivos em todo o país. Desde 2003, o Dia Nacional da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro de 2017, foi incluído no calendário escolar do Brasil, através da Lei Federal nº. 10.639/2003.
Em Paulista, a data foi marcada por ações durante a semana, começando com uma audiência pública, promovida pela Câmara de Vereadores do Paulista na sexta-feira dia 17 de novembro de 2017, em que o tema “Paulista na época dos afrodescendentes: recolhimento, justiça, desenvolvimento e igualdade de direitos” foi abordado por representantes da luta negra no município.
Hoje 21 de novembro de 2017, aconteceu a Marcha da Consciência Negra do Paulista, que teve concentração em frente à Prefeitura do Paulista e seguiu até o Parque das Paineiras.
Presidida pelo presidente da Câmara Municipal do Paulista, vereador Fábio Barros, a audiência pública, realizada no plenário da Casa Torres Galvão, contou com a presença de Roquelane, presidente do SINDACSPA; Mário Jorge, presidente do Centro Espírita Seara de Deus; João Soares, presidente do conselho da direito da criança e do adolescente; Carlos (Cooperativa dos catadores de lixo de Paulista); José de Oliveira, do Movimento Negro Unificado (MNU), acompanhado de Lúcia Crispiniano, conhecida por Irmã Lúcia.
A audiência também contou com a coordenadora de Igualdade Racial do Estado de Pernambuco, Marta Almeida; e Ivanildo, vice-presidente do Sindicato dos Tecelões Paulista, Abreu e Lima e Igarassu e representantes da prefeitura.
José Oliveira, presidente do MNU, discursou sobre a importância do debate e da cobrança que deve haver da Lei Federal nº. 10.639/2003 ser aplicada na parte mais sensível da sociedade, os jovens. “Nós, Organizações e Ativistas do Movimento Negro viemos nos manifestar publicamente em defesa de uma ação contundente do Estado brasileiro para garantir a efetivação dos direitos políticos, econômicos, sociais, culturais e ambientais da população negra.
A tarefa de combater o racismo não é do negro e sim da sociedade brasileira que carrega consigo uma dívida enorme conosco” completou.
Marta Almeida, coordenadora de Igualdade Racial do Estado de Pernambuco, após concordar com tudo que foi dito por José Oliveira, garantiu que “a violência contra o negro começa desde a infância, quando as escolas não valorizam a história negra, resultando na falta de interesse do jovem em se aprofundar e até mesmo se orgulhar da sua matriz”.
Marta também comentou sobre a efetivação das tarefas das secretarias em levar o debate para dentro das escolas e assim mudar a realidade da população negra, que grande parte está presa ou morta. “Paulista tem história de luta contra o racismo, vamos resgatar essas origens e implementar políticas públicas que garantam a qualidade de vida do nosso povo” concluiu.
No final da audiência, Emanoel Omena, servidor público, sugeriu a adesão do município ao Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Sinapir), a formação do Conselho Municipal de Promoção de Igualdade Racial e a instituição do Programa Municipal de Promoção da Igualdade Racial.
Fábio Barros, respondendo as colocações, garantiu que os direitos humanos discutidos na audiência se dividem em efetivar os direitos já efetivados e lutar pela não retirada dos já conquistados, relembrando que o desenvolvimento de Paulista foi à custa dos negros e colocando seu mandato a disposição das representações da luta negra.
Na manhã de hoje (21/11/2017), a primeira Marcha da Consciência Negra na cidade do Paulista aconteceu, com concentração em frente ao prédio da prefeitura do município e caminhada até o Parque das Paineiras, localizado em frente ao T.I Pelópidas Silveira, na rodovia PE-15.
O ato foi prestigiado pela Escola Municipal Susie Regis e seu grupo percussivo Atos de Resgaste; Escola Municipal Jaime Bold; Escola Professora Generosa Gil Perez; assim como educandários de Timbaúba, Recife, Olinda, Caruaru e Cabo de Santo Agostinho.
Representantes da luta negra, como José de Oliveira, do Movimento Negro Unificado (MNU); Jean Pierre, Vice Presidente do Conselho Estadual de Politicas Publicas de Juventude do Estado de Pernambuco; Professor e ativista social Manuel Romário, do Movimento Afro LGBTQIA+; Marta Almeida, coordenadora de Igualdade Racial do Estado de Pernambuco; presidente da Câmara Municipal do Paulista, vereador Fábio Barros; entre outros, também marcaram presença, frisando em suas falas a importância da luta e resistência do povo negro.
Uma carta foi entregue à Deputada Estadual Laura Gomes, onde estudantes manifestaram sua preocupação com o extermínio da juventude negra no país, retomando o processo histórico de luta e registrando demandas para serem entregues ao poder público.
Um dos pedidos inclui a criação de um Observatório étnico-racial nas escolas, que possa discutir, expor e gerir políticas públicas que norteiem a igualdade racial em Paulista.
Em sua fala, o vereador Fábio Barros disse entender o ato como processo de formação e educação para a sociedade. “Aqui é uma sala de aula estendida, onde os jovens podem compreender e buscar por políticas públicas que garantam os direitos de igualdade dos negros. O racismo ainda impera na civilização e todos os dias é dia de enfrentá-lo, é preciso combater, denunciar e não silenciar” disse Fábio.