O meio ambiente é um dos temas de maior preocupação de nossa sociedade, seja pela necessidade da população em ter um espaço de lazer saudável e qualificado, quer pelo valor biológico, paisagístico ou até imobiliário, quer seja pelos extremos causados pela mudança climática. Não é possível hoje acessar qualquer canal de notícia ou rede social sem que esse assunto esteja em alta.
Em Paulista, uma cidade inserida numa das maiores regiões metropolitanas do país, não é diferente. Entretanto, ao contrário das demais, nossa cidade ainda possui um significativo patrimônio “verde”, representado pelas florestas e mangues do bioma Mata Atlântica, que por sua vez é um dos mais ameaçados do mundo.
Quando foi criada, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente do Paulista, em 2013, se tornou um grande desafio para mim, como ocupante do primeiro posto de secretário da história, planejar, legalizar e reconhecer a proteção de nossas florestas.
Foi neste contexto que estabelecemos o sistema municipal de unidades de conservação, lei que permitiu a criação de mais de 1.000 hectares, ou mil campos de futebol, de florestas protegidas, incluindo garantias para a gestão e para disponibilização de recursos financeiros.
Dentre as 8 florestas protegidas destaco uma das mais bonitas, e que se localiza praticamente o centro da cidade, que é a Mata do Frio, criada pelo Decreto Municipal 45 de 2015. Embora seja uma área pequena se comparado com as demais, nos seus 40 hectares de verde ainda existem grandes exemplares de paineiras, visgueiros, ipês e outras grandes árvores que chamam muita atenção pela beleza.
Sua vocação é ser uma área verde de lazer com trilhas para caminhadas e prática de esportes e principalmente para a vivência com a natureza. Durante minha gestão além da proteção legal elaboramos um projeto importante e inovador que levou em consideração a arquitetura sustentável e integrada com o verde, onde cada tijolo teria origem ecológica e sua construção teria a pegada de carbono compensada.
Além de uma área de convivência e esportes, foram previstas trilhas para bicicleta e caminhada, com toda a segurança, por meio do total cercamento da área, de iluminação inteligente e do monitoramento por câmeras. O projeto ainda contou com viveiro de mudas e espaço para educação ambiental de alunos da rede particular e pública do município.
Deveria ser o principal parque natural da região metropolitana e para isso já dispunha de alguns recursos para sua execução, garantidas por meio da lei que criei sobre compensações ambientais.
Na gestão passada também foi bastante duro evitar as invasões do parque, que de tempos em tempos era tentada na para consolidar moradias precárias, porém, continuamente a equipe da secretaria municipal se fazia presente com apoio da guarda municipal ou da Polícia Militar e derrubava cercas e construções ilegais, evitando o avanço da degradação ambiental.
Infelizmente, a falta de compreensão da atual gestão sobre a importância do meio ambiente é grave e sua negligência com nosso patrimônio natural é vergonhosa. Vejo com tristeza, dia a dia, como a Mata do Frio vem sendo degradada sem qualquer inciativa de defesa por parte do poder público municipal. A repressão aos crimes ambientais contra esta floresta só vem acontecendo por causa da atuação do Ministério Público e da Justiça que vem obrigando a Prefeitura a tomar algumas providências mínimas.
As notícias sobre o meio ambiente do Paulista deixaram de ser positivas e viraram páginas policiais, onde a omissão, a prevaricação e a condescendência das autoridades municipais são o destaque.
Vimos a secretaria de meio ambiente passando por um verdadeiro desmonte a exemplo do que acontece na esfera federal e nossas áreas verdes ficando cada vez mais abandonadas e deixadas a sorte dos crimes ambientais.
É preocupante ver as ameaças que se instalaram contra nosso patrimônio natural, dentre elas a própria Prefeitura.