A desigualdade de gênero ainda é um problema latente na sociedade. Dificuldades no acesso à educação, ao mundo do trabalho e ao exercício político são alguns dos principais obstáculos enfrentados pelas mulheres no cotidiano. Esta última área, a do campo político, no entanto, concentra hoje a maior disparidade de oportunidades e participação entre homens e mulheres quando comparada a várias outras esferas da vida pública.
Segundo o relatório “Global Gender Gap Report 2020” do Fórum Econômico Mundial, a lacuna entre homens e mulheres na política no mundo é de 75%, com a vantagem para o gênero masculino. O empoderamento político é a área em que a mulher é menos representada de acordo com os dados do levantamento, seguido pela participação no mercado de trabalho, com 42% de desvantagem em relação ao homem.
O Brasil ocupa hoje a 156ª posição, em um ranking de 190 países, elaborado pela União Interparlamentar (IPU), que mede a participação feminina na política. A lista é medida a partir dos números de parlamentares mulheres no Congresso de cada país. O brasileiro conta atualmente com 77 deputadas federais e 12 senadoras, diante das 513 e 54 vagas disponíveis nas eleições de 2018.
As discussões sobre a desigualdade de gênero na política e a construção de ações em favor do empoderamento político das mulheres são alguns dos temas discutidos neste Dia Internacional da Igualdade da Mulher (26) no mundo todo. Diante da necessidade de fortalecimento dos debates para a superação do problema, trazemos o assunto a partir da realidade do município de Paulista/PE.
Participação feminina na política em Paulista/PE
A tendência mundial expressa através dos números apresentados anteriormente é evidente também no município de Paulista/PE. Dos 15 representantes do Poder Legislativo Municipal, apenas uma é mulher. A Câmara dos Vereadores não retrata as estatísticas de gênero na cidade. Com aproximadamente 330 mil habitantes, mais da metade, 55%, da população de Paulista/PE é composta por mulheres.
O pré-candidato a prefeito da cidade e presidente da Câmara dos Vereadores, Fábio Barros, comenta esses índices. “Apesar das vitórias que os movimentos feministas vêm conquistando ao longo dos anos, é perceptível que a desigualdade nos espaços de poder, principalmente na política, é um problema que ainda não foi superado”, disse.
Se depender do diretório municipal do Partido Democrático Trabalhista (PDT) em Paulista/PE, o qual Fábio também preside, a participação feminina na política deve aumentar já nas eleições deste ano. Na chapa participativa do Partido à disputa, as mulheres são maioria. São 14 mulheres presentes em nove pré-candidaturas individuais e uma coletiva dentro de um quantitativo de 23 pré-candidaturas.
O diretório ainda é um dos poucos no Brasil que tem a maioria da Diretoria Executiva formada por mulheres. Dos 11 membros, seis são mulheres. “Essa história de que as mulheres não se interessam por política não é verdade, o que falta muitas vezes é a abertura e apoio à participação efetiva”, apontou o presidente sobre o senso comum que há sobre a participação política.
Superação de desigualdades
A participação das mulheres em espaços de poder do Estado garante ao gênero feminino uma representação mais apropriada na elaboração de políticas públicas. O protagonismo e a voz ativa das mulheres nesse processo é ideal para que o sistema político considere as questões que envolvem ser uma mulher na sociedade. Sem elas e outras minorias sociais, os debates ficam restritos à apenas um olhar.
Atualmente, esse continua sendo o cenário. O perfil médio dos 513 deputados federais eleitos em 2018 é de um homem, branco, casado e com ensino superior. A população brasileira, que é em sua maioria mulher (51,8%) e preta ou parda (56,2%), segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) não está representada na Câmara.
Para a presidente da Ação da Mulher Trabalhista (AMT) de Paulista/PE e pré-candidata a vereadora do município pelo PDT Aline Cabral, a participação feminina na política é decisiva para a superação de outros problemas da sociedade. “Precisamos de mulheres no poder para que as nossas necessidades sejam levadas à sério e injustiças sejam eliminadas. Não só em pautas relacionadas à gênero, mas em todos os aspectos da sociedade”, disse.