Automedicação deve ser descartada na prevenção e no tratamento da Covid-19

O medo da pandemia está fazendo muita gente procurar as farmácias para comprar medicamentos que acreditam prevenir e curar à Covid-19, mesmo os especialistas afirmando que não existe ainda no mundo nenhuma droga capaz de combater o coronavírus. Essa automedicação, que muitas vezes é vista como uma esperança, pode trazer consequências mais graves do que se imagina.

Um estudo realizado pela consultoria IQVIA, a pedido do Conselho Federal de Farmácia, constatou um aumento significativo nas vendas de alguns medicamentos relacionados à Covid-19 nos três primeiros meses desse ano, em relação ao mesmo período de 2019.

A vitamina C ou ácido ascórbico, que teve propalado o seu “efeito preventivo” contra o novo coronavírus em fake news, foi a campeã em comercialização. Também foi verificado um crescimento no consumo da vitamina D ou colecalciferol e da hidroxicloroquina, sulfato, à qual foi atribuída a capacidade de curar a Covid-19.

Veja os números:

 

Os porcentuais demonstram um hábito consagrado entre a população brasileira, o uso indiscriminado de medicamentos. O conselho de Farmácia alerta que todos os medicamentos oferecem riscos. Mesmo os isentos de prescrição podem causar danos, especialmente se forem usados sem indicação ou orientação profissional. Dependendo da dose, o paracetamol, por exemplo, pode causar hepatite tóxica. A dipirona oferece risco de choque anafilático e agranulocitose, e o ibuprofeno é relacionado a tonturas e visão turva. Já o uso prolongado da vitamina C pode causar diarreias, cólicas, dor abdominal e dor de cabeça. E com a ingestão excessiva de vitamina D, o cálcio pode depositar-se nos rins e até causar lesões permanentes.

Os riscos são mais graves em relação à hidroxicloroquina, medicamento indicado para tratar doenças como o lúpus eritematoso. Da mesma forma que a cloroquina (indicada para a malária, porém disponibilizada apenas na rede pública), a hidroxicloroquina pode causar problemas na visão, convulsões, insônia, diarreias, vômitos, alergias graves, arritmias e até parada cardíaca. O uso de hidroxicloroquina ou cloroquina em pacientes internados com teste positivo para o novo coronavírus ainda não tem evidências representativas.

Campanha – O conselho Federal de Farmácia realiza, a partir do dia 5 deste mês, mais uma campanha sobre a importância do uso racional de medicamentos para a proteção à saúde. A data é alusiva ao tema e neste ano, em que o mundo enfrenta um inimigo poderoso e pouco conhecido, o recado simples e direto é “não entre em pânico e antes de usar qualquer medicamento, consulte o farmacêutico”.