“Uso a bicicleta como meio de transporte. Um carro já bateu em mim enquanto eu ia pra casa na volta do trabalho. Não me sinto seguro andando no Paulista porque não tem via exclusiva pra quem é ciclista, a gente tá sujeito à acidente e tudo”, desabafou Marcos Gomes, 25 anos, morador do bairro do Janga.
A falta de segurança e de estrutura para os Ciclistas de Paulista atinge a Marcos e aos que usam a bicicleta, transporte que tem se firmado como uma forma prática e econômica de locomoção, tendo cada vez mais espaço e importância na questão da mobilidade.
As cidades da Região Metropolitana do Recife (RMR) foram integradas em um Plano Diretor Cicloviário construído coletivamente por técnicos, sociedade civil e cicloativistas em 2014. A proposta tem como objetivo conectar toda a RMR de forma integrada e inteligente com estrutura e segurança para o uso da bicicleta. No entanto, Paulista não dispõe de um metro sequer de ciclovias – espaços separados fisicamente para o tráfego de bicicletas –, ou ciclofaixas – zonas feitas apenas com uma faixa pintada no chão.
A atual gestão não desenvolveu objetivamente ações para melhoria da mobilidade, conforme determina a Lei Federal 12.587 de 3 de janeiro de 2012. Segundo a legislação, todas as cidades do país que tenham mais de 40.000 habitantes devem discutir e estabelecer de forma ampla e democrática uma série de metas e objetivos que ajudem a melhorar o deslocamento na cidade. No Paulista, os diversos meios de transporte – veículos, transportes coletivos e de cargas, bicicletas – transitam de forma ainda primitiva, causando muitas vezes transtornos e acidentes.
Paulista deveria ter um plano integrado que possibilitasse o acesso democrático da população aos diversos pontos da cidade, principalmente, ao Terminal Integrado Pelópidas Silveira, garantindo a interação entre o modal de bicicleta ao transporte coletivo e, consequentemente, a todo o Grande Recife.
“O ideal seria você chegar de bicicleta no TI Pelópidas Silveira, onde deveria ter um lugar para guardar. Em seguida, entrar no sistema por meio dos ônibus que saem do terminal. E como acontece hoje? As pessoas chegam e são obrigadas a amarrar a bicicleta em qualquer lugar, como no ponto do ônibus ou no poste.
Não existe nada pensado e estruturado para isso”, explicou Fábio Barros, pré-candidato a prefeito do Paulista.
Números de acidentes com ciclistas
De acordo com o último levantamento feito pela Secretaria Estadual de Saúde (SES), os hospitais com especialidade em ortopedia e trauma registraram 1.711 atendimentos a ciclistas, no ano de 2015. Esse número subiu para 3.087 em 2018, fato que representa um aumento de 80% em três anos.