Dia da Caatinga: Pernambuco perdeu mais da metade da Caatinga, diz estudo

Hoje, dia 28 de abril de 2020, é comemorado o Dia Nacional da Caatinga. Mais do que comemoração, a data pede ações urgentes de restauração do bioma.

Dos quase sete milhões de hectares de caatinga mapeados em Pernambuco, pouco mais da metade do bioma (51,06%) foi perdida para áreas de uso agropecuário – com uma grande parcela voltada a pastagens – enquanto só 46,89% do Estado ainda possui florestas de caatinga conservadas. Os dados são do Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste (Cepan). O levantamento revela ainda que nas áreas às margens de cursos hídricos que, por lei, deveriam estar ocupadas por florestas, temos um dado alarmante: apenas 30,3% das áreas de preservação permanente (APP) estão protegidas, estando 64,43% ocupadas por atividades agropecuárias.

A pesquisa faz parte da primeira fase do projeto O Papel da Restauração Ecológica na Sustentabilidade da Caatinga, realizado em parceria com o Laboratório de Ecologia Aplicada da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e com professores e pesquisadores convidados de diversas Universidades.

Considerando um total de 60 milhões de hectares distribuídos entre os estados do Nordeste e a região Norte de Minas Gerais, cerca de 40% do bioma foi desmatado e é ocupado por agricultura e pastagens, e cerca de 20% está em processo ou suscetível à desertificação. O estudo aponta ainda que 37,97% do bioma é ocupado por atividades que têm como destaque as pastagens, e 59,4% dessas áreas são de floresta, enquanto o restante dos territórios está dividido em outros usos. Já em relação às APPs ao longo de toda área mapeada, o estudo demonstra que apenas 50,3% têm cobertura vegetal, enquanto 43,23% estão ocupadas com atividades agropecuárias ilegais. A ausência de vegetação nessas áreas promove um impacto negativo, inclusive às populações humanas do bioma, pois a vegetação assegura a qualidade dos rios, ajudando a reter sedimentos e minimizando os danos causados às calhas, além de ajudar na melhoria da qualidade e disponibilidade hídrica ao longo do ano na região.

“A Caatinga é frequentemente associada com a seca, pobreza e pouca biodiversidade, mas ao contrário do que se pensa, esse bioma confere valores biológicos e econômicos significativos para o país. Assim como nas demais florestas, a conservação da “Mata Branca” evita a emissão do gás carbônico (CO2), diminuindo o efeito estufa e o aquecimento global. Além disso, traz mais benefícios ambientais, como: a conservação da água, do solo e da biodiversidade”, disse o Biólogo Fábio Barros, que é presidente da Câmara de vereadores do Paulista/PE. Ele fez questão de lembrar que a caatinga é o ecossistema mais populoso do mundo. São cerca de 27 milhões de pessoas morando nessas áreas que, muitas vezes, fazem parte das regiões mais pobres do Brasil e mais carentes de todos os tipos de recursos.